segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

As pessoas adormecem
Na escassez dos carinhos.
Enrolam-se em si mesmas
Esquecem os seus caminhos.
Amordaçam os gritos
em silêncios desmedidos,
abraçam os vazios
dos espaços
outrora preenchidos.
E, desafinam nas melodias,
nos tempos e nos compassos.
Existem sombras
de passos que não existiram
por preguiça, medo ou cansaço
ficarão trancados na praia do segredo.
Ficam presas as lágrimas
Em gavetas fechadas.
Presos os sorrisos
nos rostos lisos
sem rugas de expressão.
Tudo foi embrulhado
numa noite de inverno
ou, seria de verão?
Não importa, já é tarde
Para soltar a emoção!
As palavras apertadas
não são ouvidas,
não florescem,
já estão de partida…
No vento que se solta
por entre os dedos,
faltam espaços para
carinhos, abraços,
regaços que as acolham.
Cris Anvago


O grito de prazer profundo
mergulhou no rio azul,
encontrou uma concha
aninhou-se nela,
transformou-se em pérola
enorme e bela.
No teu pescoço
eu conseguia vê-la,
pulsante,
irreverente
Feliz!
O sorriso no teu olhar
fez-me pensar
na pequenez do mundo,
sem ternura,
sem perfume.
E, no entanto
a rosa exalava o seu perfume
no quarto transformado em jardim.
O amor não tem fim!
Cris Anvago

Foto de Cris Anvago.