domingo, 30 de agosto de 2015

    Eu sou a desordem
    Dos pensamentos que querem ser perfeitos
    Dos sorrisos que querem parecer simpáticos

    Eu sou a desordem...
    Na ordem que não existe!
    Sou o animal perdido na rua
    O mendigo que estende a mão
    O dador de sangue
    O bombeiro que corre para um fogo sem solução.

    Eu sou a desordem
    No sangue que é todo vermelho
    Sou as veias dilatadas
    Nos gritos que não saem!

    Eu sou a desordem
    Nos lençóis bem esticados, passados
    Perfumados com alfazema
    Sou a erva daninha que amarrota
    Teorias e problemas

    Eu sou a desordem
    Nas palavras que correm
    Querem ser verso ou poema
    São textos apenas
    Desvanecem no papel branco
    Onde descansam desordenadamente
    Na ordem que eu não lhes dou

    Eu sou a desordem
    Naquilo que faço
    No silêncio do suspiro
    Que me acorda os segredos
    Na paixão, no desejo, no amor…

    Sou a desordem
    Dos beijos entrelaçados
    Nos corpos suados

    Sou a desordem na noite
    Em que as estrelas não se fixam no céu
    Caem nos corpos apaixonados
    Iluminam mãos que se procuram

    Eu sou assim
    Com toda esta desordem que vive em mim!
    (Cris Anvago)





ESPINHOS NO CAMINHO

    Nem tudo são rectas
    Nem tudo são metas
    Nem tudo são glórias...

    Por vezes são projectos
    Objectos que surgem
    Vida que se anima

    Por vezes são sonhos
    São curvas apertadas
    Difíceis de contornar

    Às vezes é a vontade
    A voz que quer sair
    A mão que quer moldar
    Uma nova vida
    Sem monotonia
    Injustiças ou tabus

    Por vezes são nós
    Na garganta que se cala
    Na língua que se enrola
    Aprisiona as palavras
    Não as deixa deslizar
    E nesses momentos existe
    A mudez do pensamento
    Que, mesmo com cheiros e cores
    Não se agiliza e não corre

    Por vezes a vontade morre
    Mesmo antes da primeira curva
    Por medo de contorná-la
    A ameaça do fracasso
    Paralisa cérebro e pés
    Caem corações fechados

    Nem tudo são glórias
    Mas ainda existem vitórias
    Que nos fazem gritar e brindar
    Com alegria e vontade
    Quando o sonho é maior
    E a vontade não se acobarda
    A garganta nem sempre fica apertada
    E deixa que se solte o grito
    Da vitória

    Por vezes as curvas são esticadas
    As barreiras ultrapassadas

    E sim!
    Existem rosas sem espinhos
    Só é preciso ser persistente
    Para encontra-las!
    (Cris Anvago)

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

SAL DE MAR

O mar é salgado sem saber
Lágrima que escorre sem tempo
No tempo que teima em correr
De lágrima passa a lamento


A voz embargada acaba por ceder
Ao grito, que já não é sofrimento
É canto; que se espalha no vento
Pleno de força, pronto para viver!

E, o mar continua fresco e ondulante
 Despertando o profundo desejo
 Na mente do pensador, poeta e amante

Na concha a pérola pede o beijo
Na língua que se move inconstante
No abraço do corpo delirante!
 (Cris Anvago)



    Foto de Cris Anvago.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O OUTRO LADO

    Privei os meus sentidos
    Das horas exteriores de mim
    Foquei-me no meu relógio...
    Sem ponteiros
    Que não corre
    Nem me acorda
    Desmaiei por instantes
    E reencontrei-me
    Dentro dos meus pensamentos
    Navegavam
    Soltavam-se
    Sem leis
    Sem amarras
    Tão rápidos
    Impossível acompanhá-los
    Eram luz!
    Cegavam o meu raciocínio
    Adormecida nas palavras
    Silenciada no momento sem tempo

    Descobri-me
    Mais um pouco…
    (Cris Anvago)

    Foto de Cris Anvago.

O MEU LIVRO "MAR DE SILÊNCIOS" - 2013

    Foto de Cris Anvago.

INFINITO PESADELO

    Olho para além do infinito
    Onde o nada pode ser tudo
    E o tudo se pode transformar em nada...
    Caem meteoritos
    Nascem flores
    Génios adormecidos
    Nas lâmpadas que ninguém vê
    Com os olhos fechados
    Vejo todo o universo
    Com as suas estrelas
    Maiores que a lua
    Toco o sol e não me queimo
    Sou insensível á dor
    Consigo planar pela lua
    Não me parece tão bela
    Deixo-me cair numa nuvem
    Que parece confortável
    Atravesso-a como se fosse um fantasma
    E caio no nada, como se fosse feita de chumbo
    Sou um meteorito que se despenha
    Num qualquer planeta perdido
    Onde não existem olhares nem sorrisos
    Aridez que me envolve
    Rolam as lágrimas
    Salgadas e mais pesadas que o tempo
    Sim! O tempo que não existe
    Para lá do infinito
    Nem eu sei o que vejo!
    Acordo do pesadelo que teima em pesar
    Nas minhas pálpebras meio cerradas
    Faço um esforço, olho para o lado
    Felizmente estou em terreno firme
    No meio do tudo
    Ao teu lado meu amor
    (Cris Anvago)
    Foto de Cris Anvago.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

    Quando não existem sonhos
    Tudo está vazio e sombrio
    Onde fica a vida?
    Onde se encaixa o entusiasmo?
    Os balões coloridos desaparecem...
    No céu sem estrelas e sem lua
    Se não existem sonhos realizáveis
    A realidade fica sem esperança?
    A vista quer ver a bela paisagem
    Mas por muito que os olhos se abram
    Não existem cores alcançáveis
    Quando tudo está cinzento
    Onde se escondem as cores?
    Quando não existem sonhos
    Força e entusiasmo para os realizar
    A mente fica sombria, árida...
    Tudo é muito mais difícil…
    (Cris Anvago)
    Que chovam abraços
    No meu corpo cansado
    Triste e desanimado
    Nesta vida tão injusta
    Que chovam abraços...
    Para que eu rejuvenesça
    E esqueça as lágrimas
    Aninha o teu sorriso no meu
    Para que possa sorrir contigo
    Vem para perto do meu olhar
    Que não escuta o teu
    Olha-me bem de perto
    Beija-me e aperta-me nos teus braços
    Ama-me num só beijo….
    (Cris Anvago)