domingo, 3 de maio de 2020

NA TUA VOZ

Na tua voz a rouquidão da manhã
Que desperta lentamente
O teu corpo eleva-se num voo
Leve e solto sobrevoa as searas
Canta e acrescenta encanto
Ao canto dos pássaros
Insólitas são as palavras doentes
Que se despem do melhor do seu sonho
E no verso que ainda não foi construído
No caminho que ainda não foi percorrido
Só ou acompanhadas
As palavras sentem-se cansadas
Dizer que o sol nasce amanhã
É esperança insegura
Na amargura de pensar no futuro
No que não se lê
No que se pensa que está
E não se vê
Para além do escuro, para lá do muro
Na tua voz a rouquidão da noite
Da espera, da lágrima que já não cai
Da gargalhada que já não sai sonora
Como a que ouvíamos, nos jantares de outrora
Ilumina-me o agora com o beijo que não te dou!
Cris Anvago


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