segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

A NOITE DESPERTA


Quem me diz
Que a noite acaba
Quando o dia desperta?
Eu vivo na hora incerta
Na noite que me liberta
No dia que me faz sorrir

Cruzo-me, por sorte
na manhã despenteada
cortada pelo vento norte
após uma noite acordada

nos teus braços me enlaço
Sem frio e sem destino
Sem barco, mas com um rio

Eu navego pelas margens
Corro pelas pastagens
Grito, mas não me ouvem!
Não sou de desistir
Com ensejo e no desejo
De te ver sorrir
E, quando sobe a maré
flutuo nesta agitação
hesito, persisto
chego a duvidar até
que a meditação da noite
foi vento forte, foi açoite
na imaginação despida
chicote que serpenteou no chão
fustiguei as palavras soltas
no tormento do palavrão

Posso viver na hora incerta
Mas quem me desperta
É o mar que transborda
No corpo ensopado
De amor que se derrama
Com volúpia, com chama
De horas mortas saturado!
Cris Anvago

(12/01/2018)

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